Condicional

Natasha Felix

Se gargalho, é porque escuto uma boa piada. Se tenho insônia, é porque calculo as próximas dívidas. Se choro, é porque entrego meu filho à terra. Se sou Kianda, é porque escolho as cabeças certas. Se a polícia chega, é porque devo cobrir seus olhos. Enquanto espero eles passarem, a língua dá três voltas. Depois, a festa, talvez. Se disser que nunca precisamos dançar, é porque menti. Se eles chegam perto [devagar a boca cheia de dentes se passam perto relando mas não o suficiente] é porque posso tirar as mãos dos seus olhos. Não descubro. Deixo o suor escorrer.

Foto: Jorge Filholini 


foto: Johnny Macedo

Natasha Felix (Santos, 1996-) é poeta, performer, educadora e redatora. Em 2018, lançou pela Edições Macondo seu primeiro livro Use o Alicate Agora. Dentre as publicações, destaca-se o livro 9 poemas (Las Hortensias, Argentina) e a coletânea de poetas negras contemporâneas, Nossos Poemas Conjuram e Gritam (Ed. Quelônio, São Paulo). A artista desenvolve trabalhos de performance e pesquisa as relações entre a poesia falada e experimentações corporais e sonoras.

Jorge Ialanji Filholini é escritor, produtor cultural e fotógrafo. Publicou os livros de contos "Somos mais limpos pela manhã" (Selo Demônio Negro, 2016), finalista do Prêmio Jabuti, e "Somente nos cinemas" (Ateliê Editorial, 2019).  

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