Tempestuosa
Brisa Alkimin
Indecifrável
o som quando
percorre
aberto pela minha nuca e
por
todas as minhas matrizes;
Sinfonia de prazeres sussurrados
gritados
ofegante.
Em
transe,
A
língua que desenha devagar pelos meus seios
A
mão que
te
desperta e te faz chamar pelo meu nome
Nome
pintado a óleo
E
Nos sentimos insaciáveis:
Me prove feito corpo quente de frente ao mar.
No mergulho,
Impronunciável
se tornam minhas palavras quando você
entra e
faz contato
profundo.
A carne se torna doce e ríspida.
Doce mergulho.
Rígida a
língua
que no ato sente o sabor salgado do suor,
que
me inunda antes de jorrar em mim,
mas
desenha
tatuagens pelos nossos corpos
Por
cima de mim
Abaixo
de mim
Por
dentro
de
nós
entre
nós.
E ao descer da chuva,
sentimos
o seu prenúncio:
É
hora das águas caírem
e
se misturarem.
A
explosão anunciada pelo trovão da tua voz,
enquanto
eu venho discreta,
como
um relâmpago que pega o guerreiro de surpresa.
Mas
molhados,
Gritamos
como uma cascata no meio da mata
Incansável
Longa
Pulsando
vida.
Um
verão inteiro em mim
Uma
tempestade inteira em nós
Essa saudade é tudo que eu ainda não vi.
BRISA escreve sobre o limbo do desejo e da melancolia. Narra o erotismo e o afeto, bem como a ausência destes elementos e sensações. Na performance, testa seus próprios limites numa linha tênue entre sentimento e existência. Natural de Belo Horizonte (MG), é também compositora, arte educadora e estudante de moda e figurino cênico. Partindo da decolonialidade, Brisa pesquisa a influência de corpos negros e latinos na história da indumentária do século XX.