Vê Só

Quem você indicaRia?


Sons espirituais, ideias a cerca da morte, suspense e afirmação identitária e uma dica cineclubista para distrais tempos sombrios.

O Vê Só desta edição procura contribuir com diferentes formas de reflexão sobre o luto e a necessidade de viver.

Morgana Kretzmann indica:

Lauren, de Irka Barrios, numa impecável edição da Caos & Letras, não só nos traz um livro de terror escrito por uma autora criativa e extremamente talentosa, como nos traz um livro de terror que se passa numa cidade do interior, um interior profundo desse nosso país que é cada vez menos retratado na ficção (e, isso sim, me interessa muito).

Irka não tem medo de tocar em assuntos polêmicos, como religião e igrejas evangélicas e orientação sexual na adolescência.

É uma soma de acertos ao decorrer da narrativa.

Recomendo com entusiasmo.  

Marcos Benuthe indica:

O tema desta edição parece que se impôs. Difícil pensar em outro assunto nesse momento.

No cinema, a morte talvez seja o tema mais recorrente, ou um dos mais.

Porém, a abordagem do mestre japonês Hirokazu Kore-eda, no filme Depois da Vida, de 1998, é bem peculiar.

Após a morte, passa-se por um período de semanas em adaptação com os mortos veteranos, nessa estadia escolhe-se uma única lembrança da vida, a qual será filmada por uma equipe e que ficará para a posteridade, como uma "essência" da pessoa.

Qual a sua lembrança?

Assim, de repente.

Difícil superar a infância?

Filme inusitado e reflexivo, homenagem à vida e ao cinema.

Clique aqui para ver o trailer.

Ian Uviedo indica:

Para esta edição, quero indicar o disco Exuma, The Obeah Man, lançado em 1970. É difícil descrever a história e a intensidade desse trabalho em poucas linhas, mas vamos lá: No dialeto patois, obeah mon ou obeah man significa pai dos santos. O Obeah é um sistema de práticas espirituais e de cura que costuma ser praticado nas ilhas das Bahamas, e foram desenvolvidas entre os africanos escravizados nas Índias Ocidentais. Macfarlane Gregory Anthony Mackey, o Exuma, junto com a The Junk Band, criou uma atmosfera inusitada ao misturar folk e reggae aos ritmos africanos e de Junkanoo. As letras todas tratam sobre entidades que circundam o Obeah, e muitas delas abordam a morte de forma poética e inesperada, como na canção Mama Loi, Papa Loi, em que ele canta: Mama Loi, Papa Loi/ i see fire/ in the dead man's eye. Algumas das canções de Exuma foram executadas por Nina Simone e outros artistas do mesmo calibre. É um dos meus discos prediletos sobre espiritualidade, mas nem sempre o escuto, devido à potência que carrega e às forças que evoca. 

Jarbas Galhardo indica:

O livro A morte é um dia que vale a pena viver aborda o tema da finitude sob um ângulo mais profundo. Segundo a autora Ana Claudia Quintana Arantes, doutora em geriatria e gerontologia, o que deveria nos assustar não é a morte em si, mas a possibilidade de chegarmos ao fim da vida sem tê-la aproveitado devidamente. Em vez de medo e angústia, devemos aprender a encontrar nossa verdadeira essência, descobrir nossa vocação, aceitar nossa missão e nos esforçarmos para cumpri-la como o destino espera e precisa que façamos. Dessa forma, a morte passa a ser apenas o término natural de uma caminhada bem vivida, que não precisa ser prolongada a qualquer preço (ainda que a medicina moderna proporcione isso tecnicamente), pois o tempo que temos de vida deveria ser suficiente.

Ana Claudia Q. Arantes é referência em Cuidados Paliativos, tratamento alternativo e humanizado para pessoas em estágio terminal, e fundou a Casa do Cuidar, associação que dá amparo a pacientes e familiares, de quem o livro ocupa-se com igual respeito e carinho.

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