Rara flor ferida

Fabio Santiago

Rara flor ferida

Há uma ferida no peito do meu pé
ela está aberta
é enorme
não cicatriza
Filha da diabetes
Rara flor

Há uma ferida no meu pé
volto a fitá-la
Pura e exata
Mancha sangrenta

Desligo a água
aproximo a cabeça
Onde foi parar a ferida do meu pé?
Ela não está mais lá!

Para onde migrou
o ferimento que há pouco
no chuveiro
teimava em não sarar?

O peito do pé está liso
de tão branco
Reluz

Para onde foi a minha ferida?

Ando imaginando demais
Como se chama essa doença?

Seria poesia
a ferida
que habitava o meu pé ferido?

Procuro mais uma vez por ela
deve ter ido para o coração

Um coração de ferida
sem medidas
parece adoecer

A minha imaginação de ferida
foi ferida
E eu consenti

Então as favas!
Rara flor ferida

*Rara flor ferida integra o livro Cantos temporais, no prelo.


FÁBIO SANTIAGO, nascido em Maceió, reside em Curitiba. Formado em Comunicação Social. Em 1997 foi indicado pelo escritor Valêncio Xavier para concorrer a uma Bolsa Vitae para jovens estudantes. Criador do blog "Acre Infuso" em 2004 e ativo novamente como coluna mensal no site da Kotter, em 2021. Recebeu em 2005 uma menção Honrosa do "Quepe do Comodoro", Premiação do diretor de Cinema Carlos Recheinbach. Em 2018 teve um poema, "Flores e Sombras na Dobra do Tempo", publicado em uma Antologia Poética da editora Chiado. Em 2019 publicou o e-book (Amazon) Mar de Sombras. Em 2020 publicou o livro "Intramuros", pela editora Penalux. Em 2021 publicou o livro "Versos Magros" pela Kotter Editorial.

Foto: Angela Grochocki Santiago

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