A RevistaRia

A revista virtual da Ria Livraria

Editorial

Direção Geral: Marcos Benuthe

Coordenação editorial: Morgana Kretzmann

Editor: Ian Uviedo

Assistente Editorial e Artes: Caroline Joanello

Chegamos na nossa tão esperada edição XVIII , Literatura de terror, a penúltima deste segundo ano da RevistaRia. Cavamos, cavamos fundo procurando nomes conhecidos e nomes ainda pouco comentados desse gênero literário para trazer até vocês.

Descobrimos um número expressivo de autoras e autores que trabalham com essa classificação literária e constatamos satisfeitos que há muita coisa boa sendo produzida aqui. Há também um número grande de mulheres escrevendo dentro dessa atmosfera, antes uma área dominada por homens, falando de uma perspectiva nacional. Mesmo que um dos grandes clássicos do terror, o Frankenstein, tenha sido escrito por uma mulher, a inglesa Mary Shelley, a desigualdade de gênero nos autores publicados em grandes editoras ao longo da história continua nos dizendo que há muito trabalho a ser feito para ampliar a possibilidade de olhares acerca dessa temática que é tão cara a leitores de todo o mundo. Aqui vocês também encontrarão, além do horror, suspense psicológico e denúncia social. Estes parágrafos os levarão ao bom e velho sentimento aterrorizador que conhecemos desde a infância, quando a noite caía e víamos assombrações em toda e qualquer sombra que aparecesse na casa.

Nesta edição, trazemos contos que caminham pelos trilhos do sobrenatural e do não-sobrenatural, mostrando diferentes tipos de medo que o ser humano pode sentir. Nada mais assustador do que vermos a fome crescendo no Brasil, a busca por ossos em açougues e matadouros que vimos nas últimas semanas. O terror pode estar no dia a dia de quem apenas tenta sobreviver, quando seus fantasmas criados na miséria são maiores do que presenças espectrais. O teor sombrio dos acontecimentos vividos pelos personagens dos textos desta edição permeia também esses lugares.

Evocando Edgar Allan Poe, um dos mestres dos mestres, que usava da narrativa do terror e do suspense para levantar questões filosóficas e, no nosso entendimento, questões sociais da sua época, criando histórias que aparentemente permeiam o sobrenatural mas acabam sendo resolvidas por meio da lógica, trouxemos o primeiro parágrafo do seu conto Berenice, com tradução de Silveira de Souza. Trata-se de uma definição dos elementos que criam o clima da chamada literatura de horror, os contrastes entre beleza e atrocidade, bem e mal, felicidade e tristeza; este jogo de luz e sombra que mantém a imaginação desperta. Segue:

"O infortúnio é múltiplo. A infelicidade na terra tem muitas formas. Dominando o amplo e curvo horizonte, seus matizes são vários como os vários matizes de cores do arco-íris - e igualmente distintos, ainda que numa gradação toda particular. Dominando o amplo horizonte como o arco-íris! Por que fui derivar da beleza algo tão atroz? Da promessa de paz tal símile de tristeza? Mas se, na Ética, o mal é uma consequência do bem, então, de fato, a tristeza se origina da alegria. Assim como a memória da felicidade passada é a angústia de hoje, ou os tormentos atuais são frutos dos êxtases que uma vez existiram."

Entre contos, artigos e artes, agradecemos e apresentamos este elenco de dar orgulho e calafrios:

Irka Barrios, Santiago Santos, Alice Priestly, Márcio Benjamin, Wesley Barbosa, Caroline Joanello, Edvaldo Ramos Leite, Tainan Rocha e Oscar Nestarez, nosso mais profundo sentimento de gratidão pelo carinho e cuidado com que lidaram com a proposta..

Então tranquem a porta, desliguem a luz e abram essa edição, mas se sentirem medo, não gritem. Alguém pode ouvir.

Equipe editorial.

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