Vê Só

Quem você indicaRia?

O Vê Só desta edição traz mais erotismo para inspirar as próximas semanas.

Antologia poética fruto do projeto ESCRITORAS CEARENSES foi publicado pelo selo Ferina. A importância desse livro está não só na voz nordestina das obras dessas poetas, mas também no grito da busca pela liberdade de mais mulheres falarem, escreverem e lerem sobre sexualidade (a sua e a de outras) sem serem caladas ou mortas por isso. A curadoria é da escritora Jarid Arraes. Organização de Mika Andrade.

Você encontra o livro aqui.

Marcos Benuthe Quadrinhos na Ria

Quadrinhos Eróticos raros na Ria Livraria.

A Ria acaba de instalar uma prateleira com HQs de décadas passadas, exemplares únicos, itens de colecionador, e a temática erótica está altamente representada.

Oportunidade única!

Nesta edição erótica de revista, quero indicar um dos livros que mais mexeu comigo nos últimos tempos. Trata-se do relato minucioso do cotidiano do diretor de teatro argentino Tulio Carella quando veio ao Brasil, em 1960, a convite de Ariano Suassuna, para dar aulas de dramaturgia na UFPE. Transitando entre dois mundos, o acadêmico, exposto na descrição de suas aulas e em encontros com maestros, poetas e artistas em galerias e outros espaços culturais, e o marginal, exposto no quarto barato de pensão que insiste em ficar e em suas relações eróticas e afetivas com homens da classe trabalhadora, isto é, pedreiros, feirantes, entregadores e michês, o dramaturgo, que na época era um dos mais importantes e reconhecidos artistas portenhos, acaba por registrar as contradições de um país às vésperas da ditadura. Contradições estas armadas também dentro de seu narrador-alter-ego, Julio Ginarte, sempre envolto na constante auto-reflexão que se lança, agonizando de culpa, sobre ser um homem homossexual não declarado e ao mesmo tempo um homem profundamente católico. Descrito com elegância e fervor, o livro, organizado por Hermilo Borba Filho, é uma análise da construção do imaginário sexual brasileiro. Tulio Carella, pouco após esse período, foi acusado pela ditadura de transgressor e de dar assistência ao tráfico de armas de Cuba via Recife. Todas essas acusações, claro, eram apenas pretexto para prender, torturar e interrogar um artista brilhante que não se enquadrava no modelo social vigente. Depois de ser solto, Carella deu as caras na ditadura argentina, onde também foi preso e torturado. Todos os seus livros foram confiscados de bibliotecas e livrarias e, mais tarde, destruídos. Tulio Carella é hoje um vulto nas artes argentinas, um dramaturgo e poeta obscuro, pedindo para ser redescoberto sob as malhas da intolerância e da ignorância que têm sido o mal das forças que tendem a apagar a potência criativa e revolucionária das Américas. ORGIA foi encontrado nas gavetas de seu apartamento em Recife pela polícia enquanto o autor estava preso, e estes manuscritos foram usados como chantagem. Se Carella relatasse publicamente o que havia visto e vivido nas celas da ditadura, disseram, publicariam os diários onde ele narra detalhadamente suas relações homoeróticas, grandes tabus na época, destruindo, assim, sua carreira. E a primeira coisa que o autor fez, ao ver-se "livre", foi publicar ele mesmo seus diários, como uma resposta ao silêncio imposto. Publicado no Brasil pela editora Operaprima com tradução do próprio Hermilo Borba Filho, que acompanhou Carella no Recife, este é o livro ideal para quem se interessa pelos contrastes de um país complexo, aqui vistos pelos olhos de um estrangeiro que muito captou do desejo e da violência que se alternam por nossas ruas.

Site da editora

Eliane Robert Moraes é a organizadora desta antologia, que percorre a poesia brasileira desde os primórdios. São 255 poemas eróticos, passando por Gregório de Matos e Gonçalves Dias até Hilda Hilst e Ana Cristina Cesar. A organizadora diz ter se inspirado numa frase de Mário de Andrade na semana de 22, quando afirmou que faltava um "erotismo literário sistematizado" no país. 

O livro foi publicado pelo Ateliê Editorial.


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